segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SECA

Que chuva tamanha que beija a seca,
A minha seca boca
Chuva que molha as roupas do passado
E dá febre
Uma febre tamanha que queima a seca,
A minha seca boca

Uma sensatez louca

A previsão é que a chuva tamanha não pare,

Então; que encharque

ACONTECE

Quando o amor pergunta: quando?
E pede um tempo, uma data
Quando, aos poucos, ele solta a linha e a lenha
E concede espaço entre o pouco e o tanto

Quando o amor pergunta: posso?
E escreve “aguarde” na carta
Quando, aos poucos, ele distrai o destino
E faz com que a boca se sinta farta

O acontece, como diz Cartola, é que
A equação está perdendo a fórmula
O nosso desenho, a forma
Então; é preciso distração
Para compreender o fim e para entender o recomeço...
E as várias formas como fala o coração...


PERDA


Eu perco a hora, o ônibus, o caminho pensando em ti
Talvez encontre o amor enquanto te perco



SAUDADE

Saudade é um tempo tanto feito de fatias de imensidão
Uma música de Marisa Monte, uma taça de vinho e outra taça de solidão

Saudade é querer estar toda a hora, todo o dia
Fatias de poesias no Café Coração
Um filme de Fellini, uma música de Buarque
e de quebra sonetos colados no portão



APARECEU

Intrigante a forma que o amor deu ares da graça
em meio a disfarces... Quase uma cachaça...
em meio a atalhos e desculpas

O que parecia ponto final aparece com olhares de reticências,
Tal uma chuva de “ques”

Confundindo assim qualquer juízo
melhor, então, deixar correr o risco

Intrigado, trincado, cambaleante ficou meu coração
(Quirina sorri e ri baixinho, como quem diz, sossega e deixa assim)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ciclos

Defintivamente as pessoas dizem uma coisa, fazem outra completamente diferente e sonham com outra que está anos-luz da coisa dita... Enfim, é assim... Estou aprendendo que certas coisas precisam ser podadas, para florir... ou, em alguns casos precisam ser cortadas, para que em seu lugar nasçam outras e parece ser esse o cíclo também do amor... Vou me dedicar a olhar outros olhares, olhares que eu nunca vi nem conheço... Fazer um ensaio, redescobrir palavras e sentimentos... O que hoje acontece em minha vida está, imensamente, confundindo o que eu sempre idealizei... Talvez quem sabe, o errado seja eu... Pode ser, mas vou tentar encontrar alguém que sente o amor com ares sempre de sorrisos, que não goste de amores doentes, que nos tratam mal e nos deixam sem cor... Por que escrevo isso? Vi duas gaivotas namorando na praia no final de semana: simples, mágico e verdadeiro... Quero encontrar minha gaivota. Há braços a todos. Beijo especial na Elis, lá de POA e sua energia maravilhosa.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O amor e seus fusos-horários

A lua na sacada
Cai num copo de vinho
A noite é uma cilada
E também é um ninho
O significado de prender
Depende do estado de querer
Ou não querer estar sozinho

A felicidade é uma medida inexata
Entre o amor e a pessoa sonhada
Numa linha traçada sem data
De um calendário que move o coração
E vem um amor em hora errada
E transforma a pessoa amada
Numa chuva breve de verão

O amor e seus fusos-horários III

Tens a minha cor
És o meu número
Mas para o amor
Falta a harmonia
Do tempo, da pessoa e da poesia
E de uma certa alquimia
Tanto querer muitas vezes é agonia
A pessoa é a certa, mas a hora não
E quando a hora é precisa, a pessoa é ilusão
Muita sede perto do mar
Amor também precisa de navegação
É um Feitiço de Áquila tatuado no destino
Que é menino e não entende
Tamanha e encantadora paixão

O amor e seus fusos-horários II

Todo o rumo que se toma tem um desvio planejado
Nem todo norte é saída, nem toda a bússola é aliada
Dias de pessoa certa na hora por demais errada
Dias de pessoa errada num destino arranjado

Passamos a vida inteira tomando tantos caminhos
De andarilho ao sonhador, do silêncio ao poeta
Num querer não estar mais assim tão sozinho
Procurando encontrar a hora e a pessoa certa

Vem uma canção feita somente de mi
Uma nota sozinha que se faz canção
Mas a hora e a pessoa não tem a concordância
E o sujeito não entende toda a conjugação

Mas o destino, muitas vezes, é um cúmplice, um aliado
E pede, quase aos prantos, a compreensão
Diz que falta pouco para o rumo tão sonhado
E me abraça, tal um fiel amigo, e diz para que eu ouça meu coração

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Conchas

O que eu faço com tanto mar?
O que eu faço com a minha vontade?

Se a tua boca não me visita mais
Se o calendário não abre folhas

O que eu faço com o tempo
Que teima em me deixar folhas brancas?

Tudo agora de novo e a esperança arde

(Coloca mercúrio, deixa de lado o mertiolate, comenta cinicamente Quirina)

O amor tem fronteiras - assim como quem vai buscar perfumes em Rivera...


"Si lo tienes [amor]

no necesitas nada más.
Si no lo tienes [amor]
nada importa todo lo que tengas de lo demás" (Barrie)

Quase (Mário de Sá Carneiro)

Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

O sonho

Filé de peixe ao molho de camarão
Vinho seco branco
Luz de velas
Olhar adolescente

Cartola, Fagner, Elis, Noel e Lupi
Embalando a conversa
Massagens nos pés
Massagens em todo corpo
O coração no conforto e no encaixe

Sonetos de Florbela, linhas de Quintana
Burburinhos de Pessoa na sala
O pensamento voa encandecido
Um sonho para ser vivido

Os comentários

Agradeço todos os comentários sobre meus rabiscos... Essa semana o retorno foi muito legal. Recebi mais de 50 (entre blog, e-mail, orkut e etc...).
Sobre alguma preocupação que sinto dos meus leitores sobre minha "solidão", explico: Estou bem, reorganizando a vida, e ao contrário do que foi escrito, estou sempre acompanhado pelos meus filhos, amigos, amigas, flertes e na minha atual fase "assim tá bom", rsrsrsrs. Sou muito sincero no que sinto. Não teria alguém em minha vida só pra dizer que tenho alguém em minha vida. Esclarecido. Beijos a todos e um final de semana de muito sol.. e passeios na praia... ou no parque... ou na serra... ou nos sonhos... Há braços sempre.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tratamento

Passei quinta-feira com doses controladas de muito amor

Do Amoroso Esquecimento - Mario Quintana

Eu, agora, - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

É o cara, esse tal de Quintana, rsrrsrsr.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A ligação

Andei até a Hercílio Luz para uma reunião.
Veio a ligação. Parei. Voltei. Perdi o ponto.
Segui mais adiante, retornei...
Enfim, muita saudade e tentativas de compreensão...

(Já dizia seu Zé Cocoroca, morador do Pantani do Suli: "Dike, Dike... ela te escambulha thodo, thodo... ficas perdidinho, perdidinho... tolinho tu...). Seu Zé, me deixa quieto, não me "intica".

Foi maravilhoso escutar a tua voz. Beijo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Do tempo

O amor é um inferno
Um inverno sem roupas quentes
Um terno de linho sem noiva
Luares de noites ardentes
São mares com ondas constantes
Nenhuma igual como a de antes
E tão exato que é de repente
Alguma coisa passante

Feito o ar e Brum

Medida desmedida
Contida, sentida, amada
Muitas vezes, recriada
Por faltar fazer sentido
E ao mesmo tempo precisa
Inteira feito um vento
Que abala e direciona
Medida que não se clona
Um ciclone feito do desejo
Do teu beijo
Que nunca me abandona
És um soneto que não se conta
Que se guarda e que se vive
Que jamais me deixa triste
Por que amar deve resultar sorrisos
Somente teu olhar agora me faz sentido
Por que escolher um amor
É escolher o ser querido
Independente do triz
Da medida desmedida
O importante é que nasça da escolha
Uma alma assim, feito a minha, tão feliz

Querer e ver e outras considerações sobre saudade, cravos e surpresas

Não a vi. Um vazio que eu nem sei mensurar tomou conta de sexta, de sábado, de domingo e invadiu segunda, mas não a ver, também, alivia, deixa o mertiolate agir com mais tempo, estanca um pouco a vontade do beijo, do abraço, do estar ao seu lado. Ainda não sei o que é realmente melhor, ainda não sei se não a ver melhora o meu dia. O que realmente sei, é que meu coração fica muito mais triste. Enfim, aproveitei muito o feriadão e trabalhei muito, muito mesmo, coloquei a escrita em dia, as campanhas, os projetos. Vejo um 2011 claro e seguro, graças ao Meu Maravilhoso Deus e Meu Redator preferido, que lá de cima me guarda e me orienta. Segurei o celular dezenas de vezes, ensaiei a chamada, me contive... Domingo fui passear na Lagoa da Conceição sozinho, tomei café, andei nas Rendeiras, vi o Colorado fazer um favor para o Avaí, rsrrsrsrrsrs, e voltei tranquilamente e calmamente para casa. Conversei seriamente comigo. Preciso podar parte de meus campos para que eles possam crescer verdes e fortes. E isso implica também deixar de ver algumas pessoas, de preservar minha ideologia, de escolher agora a reclusão para que amanhã eu possa ter, realmente, uma companheira, um par, uma amiga, uma amante, uma mulher de verdade, com todas essas palavras reunidas numa única pessoa. E meus amigos... Isso dói muito. Ainda bem que desabafo na escrita meus ais e isso me alivia. Como seria bom que pudéssemos dominar nosso coração. Fiquei esperando uma ligação que eu sabia que não viria. Preciso aceitar, preciso organizar minha vida com as verdades que se apresentam. Quero meus sonhos, mas não posso deixá-los sufocar minha vida. Hoje, segunda-feira, acabei de passar um café. Meu cantinho, cada dia mais encantador e do meu jeito, me deixa feliz. Considero isso um grande começo para que eu encontre alguém que compartilhe comigo meus prazeres e que eu possa compartilhar os seus, muito embora a pessoa que eu encontrarei, por certo, gostará de poesia, literatura, cinema, mar, passeios, teatro, de dança, de tomar banho de chuva, de dormir de conchinha, de passear na praia, de respeito a individualidade e de respeito ao ser humano, que trate bem os bichos, que saiba tratar uma criança e um idoso... Quem me conhece sabe que eu procuro fazer tudo isso. Aíaíaí... É isso... Tão simples e tão complexo... Voltarei a falar novamente sobre isso.

Gostaria do fundo de meu coração mandar um beijo para uma moça, que me surpreendeu dia desses, com um cartão maravilhoso e flores deixadas em minha casa... Como eu disse, gostaria tanto de poder dominar meu coração... Guria bonita, teu gesto faz com que eu acredite mais e mais na vida... E quando me perguntasse o que eu senti quando recebi os cravos, eu te digo: “Com certeza meu olhar ficou diferente quando, hoje, te avisto. Não quer dizer tudo, muito menos não quer dizer que não seja nada... Quer dizer que adoro ser surpreendido e isso faz parte do caminho do coração. Muito obrigado. Sabes, que sob qualquer condição, poderás contar comigo, com minha amizade e o final da história, quem sabe, quem sabe... Essa vida é encantadora por que existem esquinas a cada etapa, jardins em cada caminho novo e assim podemos viver primaveras em qualquer parte do ano e conhecer pessoas encantadoras, igual a ti”. Feito o registro abro um largo sorriso nesta segunda-feira nublada e me preparo para uma terça-feira corrida e com certeza, repleta de boas surpresas.

Recebi também um recadinho que dizia mais ou menos assim “palavras tão doces, mas estou de dieta...”. Escolher regimes são decisões de cada um, não seria eu que invadiria tal espaço com meu alimento poesia e longe de mim acabar com uma dieta tão pensada, tão materialmente decidida. Rrrsrsrrsrsrs. Sorry, eu precisava responder isso. Rsrsrrsrs... Brincadeirinha.
Por isso, essa vida é realmente encantadora. A cada dia que passa, a cada hora, a cada pessoa, a cada momento. A cada palavra “bem dita” e a cada palavra “mal dita”, outras palavras nascem e escrevem, sabiamente, nossos caminhos.

Ah... Há braços para Cleomar Santos, de Porto Alegre, Presidente do Clube dos Escritores e que há tempos não converso nem troco palavra alguma, mas tenho certeza que nosso diálogo continua com a mesma intensidade. Há braços para o Antônio, o Minga, que fez aniversário agora a pouco e que é um amigo especial, fiel e sábio.

Posto isso e abraços atualizados, reitero minha alegria e minha esperança no ser humano. Beijos a todos. Beijo especial na Dona Laura, na Márcia, no Téo, no Seu Edike, que me passam energia boa, o que me faz continuar sempre.

E um beijo especial do tamanho do mundo, de todos os mundos... aos meus mais belos poemas: Bruno, Cauê e Lucas. Fico emocionado só de falar neles.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma Original gelada com Quintana

Um dia todo especial... Escrevi muito o que gosto e no permeio deste dia a parte agência produziu muito... Li Quintana, ou melhor histórias de Quintana, contadas por Juarez Fonseca, recomendo... É muito bom, um texto leve que conta Quintana pessoa, seu dia a dia... Seus erros e acertos e tudo e mais... O nome do livro: "Ora Bolas"... que ele adorava falar... estou num bar de Floripa especial, Kibelândia, na tv um show de Maria Rita, recomendo e  um lugar encantado esse aqui... também recomendo... Hoje é a noite das recomedações...

Haveria dentre tantas fugas uma que não fosse temporária?
Haveria um beijo definitivo e que não anunciasse o anunciado fim?
Haveria palavra, a das mais rudes, que pudesse me fazer desistir de vez?

Enquanto a rosa beijava o cravo, sonhava ela com o jasmim
Depois que o jasmim disse sim a rosa escrevia para o cravo tim tim por tim tim

Enquanto a madrugada calava o sol se fez
Depois o próprio sol contou até dez

Enquanto o medo agia a vida se fazia incendiária
Depois ela própria enchia a boca com água e voltava a ser diária

Um risco numa folha branca
um destino assim riscado
um menino olha àquela anca
com olhar apaixonado

e nada mais sai da sua boca além da baba
nem uma única palavra
e a dona da bela anca
já um tanto louca
olho o pescoço do menino
e os dentes crava

uma marca que carrega até hoje....

Voltamos a Kibelândia e a Quintana, o Mario...

Recebo uma mensagem da Márcia, minha irmã, e da Elis, minha cunhada... e a noite se torna mais especial...

Mais uma Original.... E os versos permeiam minhas veias... Circulo bem quando estou feliz... rsrrsrrsrsrrsrsrrsrrsr..... Chegou Pa... E ainda dizem que nào existem momentos perfeitos.

Há barcos, até mais

Kibelândia 11 de novembro de 2 1000 e 10

meu destino anda sonolento
diz que está tudo certo
mas pede: não esqueça que o tão certo é lento
e o ar da boca de um amor é muito mais do que um simples vento
(e pode fazer estragos)

Àquele olhar

Há que se entender àquele olhar, fulminante, preciso, e ao mesmo tempo tão intrigante. Não que ele precise ser explicado ou detalhado... Por si só àquele olhar falou mais do que precisava. A paixão verdadeira não tem como se esconder. Ela brilha, cutuca, se destaca, colore, arrepia, intica, bole, deixa a face rubra, deixa as mãos tremulas e ai como esconder tudo isso. Muitas vezes, para que tudo isso não apareça tão latente, eu desvio o olhar, olho o céu, o movimento da rua, os olhares de outras pessoas. E isso acalma um pouco toda essa paixão que àquele olhar transparece. É só isso. Ou tudo isso. Teus olhos de jabuticaba, feito Amélie sabem do que estou falando. A marinheira que mora em teus sonhos e no teu coração um dia descobrirá que esse poeta bebe do mesmo mar. Deixemos o tempo navegar, sem pressa, com calma e com uma brisa do querer e do tentar tal remos e velas. O sol em virgem me aquece.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma noite (Guerra e Paz)

Restam detalhes debruçados numa varanda coberta de chuva
Palavras que não se ajeitam, permeadas de um silêncio inquieto e gritante
Um sentimento que mesmo preenchendo tudo nada pode fazer
Um vazio de imensidão, latente, intrigante, risonho, tristonho, sem fim
Um ponto qualquer entre a paixão e a tormenta que atormenta o ponto da paixão
Um verão encrustado num frio agosto, um rio coberto de lençóis que cobrem a noite
Queria assim mostrar este meu amor constante em cada linha que escrevo
Em cada veia, em cada canto, em cada nervo que lateja e toma forma de poesia
Um amor tão perto, deitado na minha cama, uma chama que contenho na sala
Um não sei que de não preciso misturado com a vontade do beijo lido
Um correr risco de falar só a verdade e a dor de ouvir só a verdade
Uma noite de chuva rompendo a madrugada de um pranto seco
O tempo da gente tem horário de verão quase que frequentemente
Um feitiço feito filme de Àquila, um Falcão perdido numa noite sem o rosnar da fera
Duas garrafas de vinho, sem meio termo, sem meia dose, sem meias palavras
Um todo jogado na correnteza de águas que lavam almas e rostos cansados
Uma tristeza beirando quase uma alegria que bravamente luta sorrindo
Um sol chegando dizendo assim, seja bem-vindo, nessa inconstante água
Nada mais determina, nem finca estacas, nem incrimina, nada mais me estanca
Um guardar que me perde, um perder que quase te ganha, mas não me aproxima
Uma sina, um jeito de joia numa rica mina, uma crina de cavalo no vento
Um não sei que sem tempo, uma rua, uma munição, um destoar de rimas certas
Um lado B sem escuta, a mesma luta sempre, um lado A perdido na faixa riscada
A cilada sem beijo, o querer estar sempre no mesmo instante corpo
Um amor assim tão vivo desesperadamente assim quase morto
Um corte sem facas de nortes, sem fio cortante, sem ilha, sem porto
Vejo-te assim tão perto, sinto teu hálito, teu passar, teu cheiro e não te tenho
A noite passa, a noite passa, a noite passa, a noite passa, a noite passa e chove aqui dentro. Meu sentimento faz que dorme debruçado numa varanda coberta de chuva e um bilhete me acorda de manhã, sem uma linha sequer de esperança. (A esperança é uma linha onde é preciso dar corda e muitas vezes soltar a própria linha; comenta Quirina, com àquele sorriso cínico de sempre). Quirina, Quirina... é bem isso, é bem isso.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Lado B

Mistério do outro lado da rua onde também mora o próprio coração
Cruzamentos de esquinas, boras de café em meio ao pão
Flores amareladas em livros não lidos, escritos pela tua mão
Palavras desaparecidas, tatuadas em frente do teu portão

O que não se vê e ao mesmo tempo preenche tudo
O que não se quer e ao mesmo tempo não se ignora
O que não se grita e ao mesmo tempo não se quer mudo
O que não se abala e ao mesmo tempo fica mexido e cora

Amor descabido com ares de ser contido
Paixão retalhada com mares de navegar
Amizade misturada a outros significados


Um disco antigo onde nem tudo é ouvido
Um lado A riscado de tanto tocar
Um sonho de Amélie na busca do outro lado

Uma carta daquelas antigas

Queria te dizer tanto e nem sei se posso. Fazer o que diante de um sentimento tão verdadeiro. Ao mesmo tempo em que te quero perto, te quero longe. Ao mesmo tempo em que não quero invadir tua vida, quero que invadas a minha e fique nela, feito tatuagem. Quero que estejas no churrasco de domingo, no jantar com os amigos, mas tão bem quero te deixar livre, que sejas a marinheira que sonhas. Gostaria tanto que tu pudesses abrir e ler meu coração e ter a certeza que tudo que falo é real, é forte, é essencial para a minha vida e sei que também poderá ser essencial para a tua. Nossas afinidades falam isso, teu olhar, de vez em quando, fala nisso... Sei que desvias o olhar, às vezes sinto que não queres ver, que não queres me magoar... Mas enfim, sei que poderemos dar tão certo, apesar de estarmos com a nossa química em segunda época. Rsrsrrsrsrs.

Aí meu Redator Celestial... Sabes do que falo, onde quero chegar e sabes do meu amor, que vem há tanto tempo e permanece, apesar dos tempos de tempestades, de ondas altas, de fortes ventos... Sinto que, muitas vezes, tudo encaixa... E de repente tudo se afasta, tudo não tem nexo. Sinto que, tantas vezes, o ensaio do beijo se faz... E de repente tudo se afasta, tudo não tem nexo. Só sei que tua fala, teu corpo, tua imagem não saem dos meus pensamentos, dos meus sonhos, da minha vida... Não sei quanto tempo posso ficar assim, não conheço meus limites, estanco minhas dores... Penso em me afastar da tua vida... Recomeçar... Dar oportunidade para outros sonhos, outras mulheres, outros ares... A minha solidão ao mesmo tempo em que me reconstrói, me estremece... A felicidade é antagônica, mas fiel... Por isso que eu acredite no meu sentimento. “Oh marinheira, marinheira... quem te ensinou a navegar... ou foi o balanço do navio ou o balanço do mar?”.

Quando me lembro de ti lendo poesia na sacada lá de casa, o mundo torna-se muito simples, sinto que tudo vale a pena e o sorriso abraça todo o meu rosto. Acordar e te ver é ter a certeza que a manhã, que a tarde, que a noite serão especiais. Invento rimas, invento peixe ao molho de iogurte e manga, rsrsrrsrs. Invento no presente um futuro em que estaremos juntos numa varanda lendo e declamando Pessoa, Florbela, Quintana e escutando Chico... Invento moda, diria minha avó. Só não invento o amor, não é preciso. Continuo uma próxima vez... E tentarei falar do Lado B... Onde as faixas se misturam, os olhares se perdem e se encontram encantadoramente e a vida se faz música.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Chico, o que será que será?

Vejo quem eu tenho por amor bem mais perto... Será? Estas coisas do coração se misturam feito ingredientes jogados no liquidificador e é preciso olhar bem...  Muitas vezes confundimos palavras, fundimos outras, afundamos tantas... Um olhar de Amélie aqui, outra de Betty Blue acolá... Mas de qualquer forma vejo mais perto quem eu tenho por amor... Sei lá... o jeito de falar, de fazer as coisas, de olhar... Alguns detalhes que não fazia e agora faz, outros que agora já não faz... Meu peito enche-se de esperança e assim sóis e luares que estavam ali ,adormecidos, tomam conta dos dias e das noites e andam juntos... Sei lá...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O que se poderá ser terá o querer que se há?

Quem entenderá o olhar?
Àquele olhar que estou falando
Um não sei que
Que encaixa incomodo
O enfadar que enfarta o farto amor querido
Que existe num modo econômico
Para não gastar energia e beijo

Quem entenderá o olhar hidramático?
Àquele que vê a marcha passar sem controle
Um não sei que
Que atravessa a faixa
O tentar que sua a testa
A sua testa que beira o tal olhar
E que assim se afasta do calor que assusta

Quem entenderá o olhar decassílabo?
Àquele que nasceu soneto e virou quadrinha
Um não sei que
Que determina que nada saibamos
E que aumenta a transpiração e colore as meninas
De olhos soltos numa clara escuridão

Meu amor é exato
E teu amor é horário de verão