terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Marinheira

Um amor em cada porto
Um corpo para cada amor
Uma dor em cada sopro
Um corte para cada dor

Uma viagem
Um atalho
Uma bagagem

Um trilho
Uma estação
Um voo

Um sonho
Um sumiço
Uma embarcação

Um amor de cais na ilha
Um amor para ter colo e cor
Há um certo momento na vida
Que é preciso reinventar o amor

Pane

Mesmo sem a cor do voo parto
Quebro
Lanço-me às alturas

Quero buscar tua boca
Qualquer que seja o céu
Fazer de minh ‘alma um avião
Simples, livre, de papel

Papel para fazer poesia
Para fazer barcos e guias
Para desenhar e colorir

Quero buscar teu olhar
Qualquer que seja a beira
De rio e de mar
Entregar-me a tua vida marinheira

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Distância

De novo não estás aqui.
Eu faço de tudo para que mesmo assim estejas.
Loucura da não presença que acompanha,
que me almoça,
e me janta,
que dorme aqui

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Línguas

Eu já nem sei o que meu querer quer me dizer
Talvez esteja mais confuso do que eu
Talvez não entenda que para esquecer
É preciso explicar o que aconteceu

Ao passo que os quereres têm “quês”
E que eles não falam uma mesma língua
O teu querer fala por sinais
E o meu fala somente português

Preciso assim que reflitas e sintas
Que a vida precisa tanto de bem querer
E que o amor pode nascer
Na invenção de uma outra língua

Absolutamente

Têm dias que eu sou cantante
N’outros o silêncio bate
E na forma mais errante
Beijo de mercúrio em que me arde


Depois vem o sopro com tanto carinho
Sem compromisso mas preciso sem entendimento
O que me dizes não absolutamente foge do teu caminho
Mas com certeza afasta definitivamente meu sentimento

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quatro quadrinhas escritas com endereço definido (Pois)

Acontece que a dor é menor do que o prazer
É melhor te ver do que inventar que não existes
Pois o amor nunca poderá ser algo mais triste
Do que a ideia de nunca mais te ver

Ao regar nossa incondicional amizade
Talvez eu possa entender este bêbado destino
Pois o sonho daquele terno branco de linho
Poderá ser costurado com a linha da possibilidade

É teu caminho de marinheira que hoje percorro
E nem sei amanhã qual será o encaminhamento
Pois alquimia tem tudo a ver com sentimento
Às vezes quem naufraga nem pede socorro

É melhor acreditar no amor verdadeiro
Mesmo que ele não seja correspondido
Pois é importante entender a história
E para isso o livro haverá de ser todo lido

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A menina do lado B

Meu amor é distraído
Nunca foi lido totalmente
De vez ele se perde,
Noutras, se perde de novo
E quando menos se espera,
Volta a se perder

Sei... eu quero teu coração
Mas também quero um mapa
E amizade bem regada pode virar paixão

Da explosão

Minha poesia detona o estopim.
Não ligo para explosão.
Enfim...

Da flor da pele

A flor da pele
Rosa não deve ser
Minh’alma eu mesmo lavo
A rosa não brigou comigo
Aliás... eu nem sou o tal cravo

Dedal

Nada pode ser mais fatal
Do que um dedal no fundo do mar
Quando o destino costura

Dos pedidos

No final do ano fiz um pedido...
Que teus olhos passassem comigo a noite do dia 31
Fui atendido...
Queria a tua companhia... ganhei-a

Talvez por isso tenha te perdido de vez

Quintanares de janeiro

Tantas notas musicais pelo meu caminho
E eu tão desafinado
É melhor ficar sozinho