segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Noite com Marisa Monte, o destino tece a linha, para fazer o lençol
A flor encontra a joaninha, o rei encontra a rainha, a lua enfim beija  o sol
(tudo o que é para ser, será)


O amor compromete

Assim como tem compromisso a lua e o luar
O amor compromete
Assim como a areia gosta de ser molhada pelo mar
O amor compromete
Assim como jura compromisso a terra para o colher
O amor compromete
Assim como o querer que gosta de comprometer
O amor compromete
Assim com o sol compromete-se com o dia
O amor compromete 
Assim como minha poesia se compromete com teu olhar
O amor compromete
Assim como meu cantar compromete-se cm tua folia
O amor compromete
Assim como meu ombro tem compromisso com teu calar

sábado, 28 de setembro de 2013

Frases

...
O olhar mexe com o corpo, arrepia a alma, aquece o mais do que o tanto...
A cor do tato desenha o corpo, redescobre a alma, expõe o mais do que o tanto...
A boca umedece o corpo, acalenta a alma, deseja o mais do que o tanto...
O amor é a refeição do olhar, do corpo, da alma e do mais do que o tanto...

...
A alma tem em sua face um luar... claridade,  quase uma febre, que nos acende por dentro... o amor tem alma, muito mais do que corpo, o amor é querer estar junto mesmo na distância, o amor sempre aquece nosso rosto, feito um sopro

...
O coração explode... um arrepio grita teu nome... a esquina foi tatuada com minha sede.... e tua ausência me dá fome

...
Intensamente foi a forma que descobri para desenhar palavras
Os interruptores d’alma são toques que aceleram o sentimento
Toda essa energia vale se puder mover o coração
O resto é vento...

...
Tudo pode ser uma questão de dizer nada.

...
Já virei a página sem ter entendido o livro. (Meu amigo, amor não é adivinhação)...




Frases

...
O que intriga não é a briga do mar com a areia.
O que me intriga é a estrela,
que depois de conhecer o cais virou sereia...

...
Minha ‘alma ensolarada toma sol,
café, come pão de poesia, bebe água e cantoria,
viaja entre broas e Marias...
Mantém nas palavras sua fé.

...
Em que cobertor se escondeu nosso amor?

...
A flor da pele pode não ser rosa.

...
O dia tropeça na tarde, mas quem cai é a noite.
Talvez o amor tenha muito mais que claros segredos...

...
Meu amor é exato. E teu amor é horário de verão.

...
Calor em dias frios, rasgos em tecidos finos, céu de bocas famintas: o grito não atende a previsão do tempo...


Frases

...
Nem mesmo o mar poderá te dizer por onde andei naufragando.

...
Enfim, fica tatuado um beijo no teu coração, pra te sentires beijada sempre...

...
Lembrança é a ferrugem pelo arame da saudade...

...
Agora meu mundo estava mais próximo, não sei “próximo do que nem de onde”, mas, com certeza, estava mais próximo de algum lugar. Lugar é um grande pássaro que adora viajar, em bandos, em bares, em mares...

...
Acordei ontem ao lado de três reticências...

...
Não me venhas falar de falta de espaço, no mesmo momento em que olhas para o céu...

...
Quem inventou o frio não te conhecia...

...
O que o mar tem pra contar, ele canta.



Frases

...
Nada é exato.
O resto da vida pode ser o próximo minuto ou os próximos cem anos...

...
Augusto não era tão anjo assim. Não entendo até hoje seu plural.

...
E um vampiro apaixonado, dá de presente um cachecol...

...
Quem ama não data.

...
E não se enganem quando falam lento, palavras sem pressa ferem muito mais.

...
Atentos olhos observam a intensa cerração.
Nas vidraças, recados escritos com as mãos.
Faz frio lá fora, mas inverno igual ao da minha alma nunca vi.

...
Existem horas em que a melhor maneira de aparecer é sumir...

...
Sou um outono apaixonado por uma chuva de verão...



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Declaração de amor rasgado

Rasgou minhas cartas,
rasgou minhas fotos,
rasgou meus livros,
e por último,
rasgou as próprias roupas,

e fizemos amor na sala...
Pequena canção para explicar o não esquecer

Tatuagem foi teu beijo
Que levo no corpo até hoje
Por isso não venha agora
Me falar de esquecimento...





Mora um mar em teus olhos e eu me banho...

Um conto de sarda (Fantasia)

Uma menina com sarda
Brincava atrás da cortina
Desenhava uma fada
A solitária menina

Queria que a fada
Num toque de sua varinha
Retirasse do seu rosto a sarda
E ela detrás da cortina

A fada não entendendo nada
E achando tão bela a menina
Num toque doce de fada
Desapareceu com a cortina...


Mais histórias de Quirina e Dolores

Resposta
                     
Fico esperando uma maneira de explicar um sim...
Abro a mente, o livro e uma lata de tônica.
Onde estará o gim?
Enfim, a febre é alta, mas não é crônica.
Dolores riu muito quando leu estes rabiscos. Aproveitou, e com um sorriso maroto no rosto, disse: - Fui eu...
- Eu o quê, Dolores?
- Fui eu quem pegou emprestado o gim, respondeu-me, já um tanto “alegrinha”...
Mas o teu sim eu não sei quem levou...concluiu).

O amor é um tesouro
                   
O amor é um tesouro.
Deve, por ser precioso, ser escondido?
(Quirina lê rapidamente, arregala os olhos, “pensa alto”...
- Tesouro? Escondido? Precioso?
Vira-se pra mim e diz, secamente:
- Pode começar a responder a pergunta. Agora. Já.
Aproveitei um descuido dela e pulei a janela.
- Que perguntinha marota eu fui inventar...

Um silêncio que grita

Qual meu norte, Dolores, qual meu norte ?
Dolores diz ... “Minha bússola toma café comigo e já não faz mais sentido”.

Sopa de letrinhas
                    
Ah... tem dias que todos os dias são dias “D”,
e nem sempre na hora “H” colocam os pingos nos “IS”.
Todo mundo corre atrás do “X” da questão.
Outros buscam o ponto “G”.
Ah... troca-se uma letra e muda-se tudo.
Troca-se uma letra e muda-se o mundo.
Mala, sala, cala, fala, rala, bala...
Ah... Queria a receita,
queria a letra,
queria o mapa,
queria a dica,
queria ao menos uma pista.

Ah... Quirina lê tudo com atenção, como sempre faz, enche a colher e comenta:
- É sopa, mas não é sopa este mundo.

(Vai entender os riscos e os sabores dessa vida...).

  
O chá das cinco

Filmes em preto e branco não se deve colorir
São belos assim.
Deve-se ler o romance inteiro, e não começar pelo fim...
Queijos e vinhos devem ser degustados com calma,
sem tempo, sem telefone, sem campainha.
Ao escutar uma música, abra os ouvidos,
mas não se esqueça de abrir também a alma...

(Cleomar leu com o olhar de anjo de que tem, olhou Quirina e disse:
- “O entardecer pertence aos que amam os dias e as noites”.
Quirina, encantada, sorriu e trouxe duas xícaras de chá de maçã).

Quintana e a solidão                                                                         
                     
Quintana tomou chá comigo na Páscoa.
Trouxe biscoitos e um papel de chocolate com um escrito seu.
Tomamos chá, sumimos por instantes e mostrei um escrito meu.
Num ninho próximo um coelho cochilava, sem a mínima noção do tempo.
Quintana sorriu, despediu-se e aconselhou colocar rum no chá...

  
Todo o tempo do mundo num só instante de dor

O tempo cura tudo, Quirina ?
Depende o tempo, responde Quirina, olhando pra uma manhã linda e clara.
O que cura mesmo é uma tempestade bem forte.
Só assim nascem manhãs iguais a esta.
Ah, Quirina... tens tempo... tens tempo...

Interiores

Dolores foi à farmácia para comprar tranquilidade.
Tomou comprimidos bem fortes para ver todas as cores.
(Quirina, indignada, num só grito resume:
Que adianta pintar a fachada, sem colorir os interiores?).

Das interpretações

Quirina comprou um sonho num domingo de sol e de creme...
E tudo parecia suficientemente completo...


A solidão de Quirina
          
Quirina e seu vinho tinto.
Seco, como a vida, ela insiste em dizer.
Mas não são goles tristes, esclarece.
São devaneios que a solidão tece,
embalada pela cadeira do tempo,
como se a felicidade estivesse contida em uma taça,
que fora quebrada pelo vento...

A solidão de Dolores

Dolores e seu vinho branco.
Suave, como a vida, ela insiste em dizer.
Mas não são goles suaves, esclarece.
São modos de entender algum desgosto,
que procuram esconder o que a solidão tece,
como se a tristeza estivesse contida em uma taça,
servida em uma manhã fria de agosto...


Crônicas de um mundo bem contemporâneo           

Ensaiou uma crônica
deixou um bilhete
pediu gim
implorou uma tônica
ensaiou a bula
escondeu a receita
Quirina é louca
mas aproveita
o sol acorda
a lua deita
a vida é simples
e se ajeita

Pequena canção de um céu da boca estrelada depois de um dia de sol

Abriu a carta, a janela e uma garrafa de vinho branco seco.
Abriu o coração, a caixa de fotos e até a flor do vaso abriu.
(Quirina que passava por ali, abriu um longo sorriso e a noite em que se encontraram ainda não terminou...).
  
O vestido de Quirina (coisas corriqueiras)   
         
Quirina comprou vestido novo, vermelho, bem curto, rendado, de alças, rodado
Quirina foi à padaria e Dolores não a reconheceu.
Dias depois Quirina contou o fato e Dolores respondeu: "Pensei que ‘fosse’ um bolo"...
Quirina arremessou um vaso de flores em Dolores.
Hoje já fizeram as pazes.
E o vestido em questão virou um porta gás - comenta Dolores, com um riso maroto.

Quirina 40 graus                                                                                

Ferve,
Arde,
Queima,
Provoca.

Água na boca,
Água na bica,
Água no beco,
Água na barca.

Quirina bebe todo o mar,
Quirina bebe o verão,
Quirina bebe de canudinho
toda a inundação.

- Larga esse termômetro, Quirina... Nada poderá te medir...

Dizeres

O amor deve regar à flor da pele
Por que o que arrepia, cutuca, aproxima
É uma cachaça, uma ambrosia
Um sentimento que dá gosto, alegria
Que provoca o querer, alquimia
Que remexe, bole, mistura
Que dói, que deixa a face rubra, que cura

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pequena Canção do Acontecer

O tempo é um menino descalço
Levado pelo destino vento

O vento é um menino levado
Descalço pelo destino tempo


Marketing  

amor super-bonder é forçar a barra demais
amor brastemp é uma ficção
amor coca-cola é isso aí mas dá barriga
mas se for bombril poderá virar paixão

amor sem conceito é enganação
- passe o próximo job, proponho.


Silêncio                                                                            

o relógio está quebrado
a carta não tem selo nem cep
a mensagem bebeu a garrafa


A frase – Ah...cai

Eu te amo.

Nesta frase tão curta
a palavra amor surta


Amor sob medida
Amor não tem plano
Amor veste
Amor é quente
Amor é frio
Amor é avental

Preparar a roupa
usar o bom gosto
usar o sobretudo
Amor despido
Amor não lido
Com tato
Sem moldes
Sem razão
Amor costurado

Quem me veste?
quem eu visto?
quem me deixa nu?
quem me enche de roupas?

Amor é moda antiga
que desfila em nossa vida
E a fila anda
E o amor é liga




Panos  

Amor é social
Amor é trapo
Amor é passeio
é colcha
é lençol
é rasgo
é costura
é tira
é tergal

Amor é seda
Amor é risco
Amor é sorte
é pano
é tecido
é jeans
é linha
é botão
é corte

Amor é cachecol
Amor é casaco
Amor é estola
é justo
é cola
é solto
é reta

Amor bem vestido
Amor de gala
Amor sem roupa
Amor de camiseta

Amor é humano
Quirina 40 graus                                           

Ferve,
Arde,
Queima,
Provoca,

Água na boca,
Água na bica,
Água no beco,
Água na barca,

Quirina bebe todo o mar,
Quirina bebe o verão,
Quirina bebe de canudinho
toda a inundação,

- Larga esse termômetro, Quirina...

Nada poderá te medir...
Meio fora de foco

Estou assim meio fora de foco ou dentro da minha coerência... ou insinuando que tudo faz parte de uma coisa só...
Meio comendo inteiro e esquecendo as beiradas...
Dando de dedo aos hipócritas... e aos falsos...
Lendo Mariana Alcoforado e estendendo todas as cartas...
Não preciso de CEP, nem de bons comentários...
Preciso de broas com chá com as pessoas que amo...
Preciso de boas músicas, bons livros e filmes com boa fotografia e roteiro...
Preciso dos sorrisos dos meus filhos e da certeza que serão felizes...
Preciso que meus amores, todos, os amores passados, os amores presentes, os amores futuros e que todos saibam que sempre fui sincero...
Preciso fazer entender que minhas loucurinhas fazem parte de um grande acerto... e que o tempo elucidará tudo...
Estou assim em meio a tremores no maior número da escala...
Às vezes me faço mudo para poder gritar...
Sou louco por mar e creio que “quereres” e  “navegares” faz parte de um grande acerto...
Sou apaixonado pela vida e pelas flores que dela nascem... Crescem... Agigantam-se e provocam amores encantadores e encantados...
Meu coração me provoca, a provocação me determina, a determinação faz que eu conquiste minha alegria...
Entendo que querer é o começo e começar é necessário todos os dias e que não querer é começar a morrer cedo... E que ter medo tem dias que se faz necessário, pois nos dá calma e paciência para depois não ter medo algum...
Hoje sei que o amor é muito mais amplo, mais forte, mais inevitável... Sinceridade e transparência faz gozar... Ai, ai, ai... Entendo que palavras são fortes demais e é preciso ter cuidado com elas...

Foco é o esposo da foca e coerência depende do jeito que a gente vê a vida... E filtro solar é muito bom, mas amor é melhor ainda...
Línguas

Eu já nem sei o que meu querer quer me dizer
Talvez esteja mais confuso do que eu
Talvez não entenda que para esquecer
É preciso explicar o que aconteceu

Ao passo que os quereres têm “quês”
E que eles não falam uma mesma língua
O teu querer fala por sinais
E o meu fala somente português

Preciso assim que reflitas e sintas
Que a vida precisa tanto de bem querer
E que o amor pode nascer

Na invenção de uma outra língua
De papel

Mesmo sem a cor do voo
Parto
Quebro
Lanço-me às alturas


Quero buscar tua boca
Qualquer que seja o céu
Fazer de minh‘alma um avião
Simples, livre, de papel


Papel para fazer poesia
Para fazer barcos e guias
Para desenhar e colorir


Quero buscar teu olhar
Qualquer que seja a beira
De rio e de mar

Entregar-me a tua vida marinheira
Sol na Ilha e que a claridade nos remeta a ver melhor o que se passa ao nosso lado. Uma palavra de conforto, um carinho, um abraço sincero não vai tirar pedaço de ninguém. Entendamos que estamos aqui de passagem, é a brevidade pode ser nosso limite... Então faça agora, beije agora, fale agora, viva agora... Não deixe para o próximo minuto àquela palavra de carinho e de amor... Sentimentos verdadeiros ficam, desenham nosso caminhar... E eles nos ensinam muito... Condicionais ou incondicionais, duradouros ou breves, fogosos ou calmos, inteiros ou fragmentados... Todos eles são importantes, são decisivos, estiveram em nossa vida por algum motivo forte e arrebatador.... Ame mais, fale mais. Amanhã poderá ser bem tarde... amanhã poderá ser “nunca mais”... Aproveite o sol e exponha-se mais... e leia Florbela, Quintana, Neruda, Pessoa, Drummond, Cecília, Borges, Machado de Assis e tantos outros... Escute Cartola, Candeia, Chico, Noel, Crioulo, Paulinho da Viola, Martinho, Elis, Marisa Monte, Gonzaguinha, Fagner (esse é bom, rsrsrsrs) e tantos mais... Abra seu coração para as palavras, para as músicas, para a sinceridade...  
Talvez


Talvez eu sonhe demais, muito mais da conta, excesso de sonhos, de voos… Talvez... Abri meu coração poucas vezes em minha vida... Talvez tivesse que ter aberto mais... Talvez... Pensei nunca mais falar coisas de amor que nos últimos tempos eu tenho falado... Sou uma pessoa cheia de defeitos, mas sincera... Tento abraçar o mundo e ajudar quem está ao meu lado, muitas vezes meus braços não alcançam e eu fico muito ruim... Talvez eu tenha que pensar mais em mim... Talvez... Sempre fui muito intenso e talvez isso não seja tão bom... Depois de muito tempo meu coração sentiu movimentos diferentes, que oxigenavam minha mente, meus gestos, meu trabalho, meu dia a dia... Talvez a poesia me afaste do mundo, eu que sempre pensei que ela me aproximava dele... Talvez rimas não comportem a vida como ela é, sábio Nelson Rodrigues... Talvez... O mundo sempre foi para mim muito simples, mesmo na maior correria, cheio de obstáculos, de problemas, eu sempre o considerei simples... Busquei como filosofia de vida, simplificá-lo ainda mais, talvez o mundo precise ser complexo, para nos fortalecer... Talvez... Estou prestes a realizar um sonho: meu livro. Momento mágico, único... Vivo um momento muito feliz... Talvez eu sonhe demais e por isso esteja tão feliz assim... mas o mundo lá fora corre, te atropela, te afasta da rima e te cobra e te cobra e te cobra... Amor tem que fazer sorrir sempre, qualquer e todo o tipo de amor... Talvez eu seja ingênuo demais. Talvez... Acredito na claridade e o que podemos fazer para auxiliar o dia ser mais claro, acredito em olhares sinceros, em abraços apertados e beijos de olhos fechados e apaixonados... Querer é o verbo mais poderoso do mundo e anda de braços com o amar... Talvez a felicidade seja uma grande construção... Mas o que eu sei acima de qualquer coisa é que as minhas palavras são sinceras... E isso vale muito, muito mesmo... Eu tenho certeza disso...
Vias de fato

Tuas palavras invadem meu silêncio e minha casa
Provocam meus gestos e desenham minhas poesias
Perco-me na estranha sensação de não estar no comando do barco

Julgo que perdi minha bússola, meu mapa e, minhas asas
O fato que teu sorriso é de fato minhas reais vias
E falar de amor sem falar teu nome faz o amor vago

Nossa história é história de final feliz e todo mundo sabe
Pois existe uma varanda esperando nosso beijo
O destino atiça, provoca e sempre nos coloca perto

E o sentimento por ser mais do que o tanto não cabe
No significado mais amplo do que seja querer e desejo

Um dia, eu sei, daremos bem certo
Boas companhias

Leminski passe a vodca, fala Cazuza
Bucowiski bebeu toda conversando com Drummond, responde Renato Russo,
Mas tem outra garrafa comigo, ele esclarece
Vinicius joga ludo na sala com Tom
Quintana joga conversa fora no Majestic com Érico
Pessoa toma chá na varanda com Marta Medeiros
O que colocaram neste chá? pergunta o português
Florbela declama e os olhos fixos de Chico já desenham uma canção
Gullar, Cecília e Borges assistem de novo Betty Blue
Amélie bebe o destino encantadoramente e uma festa se faz.
Cartola chama o síndico...
“Ai se o mundo inteiro me puder ouvir...” Tim-tim, Tim Maia.
“Com que roupa que eu vou?”, pergunta Lupi.

Noel responde “Vá vestido de felicidade”.
O tempo “se”

Vira-se o mundo, o tempo e a cara
O pior instante cicatriza e sara
Tudo pelo tempo se resolve
“Se “entende, “se” traduz, “se absolve”
O que nasce por ser mais vivido “se” agiganta
Transforma em laço o nó na garganta
O momento agora é de amor pleno
Daqueles escritos em longos devaneios de uma vida
Vez por outra leio um jornal,
mas àquilo que é tão normal me amedronta
Era uma vez é uma história que já se conta
E tudo o que fiz poesia sobre amor, caro amigo, existe
E é importante saber que não existe o alegre sem o triste
E fundamental saber que dedo em riste por ser uma forma de querer
Demorei em colocar e organizar minha prateleiras
Vidas inteiras de repente são dias, meses, estalos
É preciso, meu amigo, se ater ao que provoca calos
Muitas vezes atalhos são formas diretas de sofrer
Longos caminhos nos alertam e nos fazem entender
Que o tempo “se” é o livre arbítrio que mora em nosso acordar

Então pois, meu amigo, amanheça...
O amor, entende-se o que faz sorrir incondicionalmente, é luar de lua tanta, tempestades de águas boas, beijos de rios em bocas canoas, Florbela Espanca em tardes de café e bolinhos de chuva... Decifrá-lo não seria tão exato, determiná-lo seria tão impreciso, o melhor seria deixá-lo entre o sonho e o lençol, entre o raio e o sol, num gole de um vinho tinto seco, beirando uma canção de Cecília... O amor é compreensão, é vigília, é abraço sem tempo, é abraço na ausência, é um beijo sem medo, é segredo que se lê no olhar... É um mar inteiro na boca, saliva de prazer e de tara, um cobertor para qualquer hora, uma compressa que surge sempre e sara... O amor, entende-se o que faz cantar incondicionalmente, é o querer conjugando tempos e pessoas com um toque mágico de todos os verbos, é ligação por pensamento, por gestos e por coração... o amor em noite escura é visão, o amor na procura é claridade, é ajuste na exatidão da felicidade, é a existência de todas as razões pela verdade de não se precisar razão nenhuma... o beijo que beija diferente, o enxergar independente na lente, é nunca deixar a vida sozinha, é o rei colorindo o reino de sua rainha... O amor, entende-se o que faz gozar incondicionalmente, é um céu inteiro no quarto, são estrelas brilhando na sala, na hora do muro alto ele é salto, no silêncio triste ele é fala... É uma janela de raios de sol que bate à mesa, uma canção de Chico que não tem data, um gole no calor de uma sonhada cerveja, na hora de se sentir perdido o amor é mapa... No teu dia o amor se faz assim: todos os dias, todos os jeitos, faz querer mais no querer poesia, faz o florir mais no querer jardim... No teu dia o amor é paz... é Eduardo é Mônica, é Léo e Bia, são todas as canções em alquimia... É declamar Fanatismo meia-noite, meia luz, ao meio-dia... Toda e qualquer hora recriando a mesma via... Caminho que se faz para encontrar a mina, que faz estancar qualquer que seja a dor, em versos de um sentimento assim tão claro, que eu encontrei tua rima, tua alma, teu corpo, nosso amor....

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O amor nunca é problema.
Amor é solução de grau quente...
Equação resolvida é enganação...
O valor do x que não se precisa é tentação...
Amor é matemático... Emblemático...
Às vezes patético...
Noutras, centrado...
Histérico, docemente nervoso...
Amor é amor até de lado... Hummmmm...
Amor é didático, amor é linguagem... Hummmmmm...
Amor é suor... Amor precisa suar...
Precisa soar... quer asas e ares e liberdades...
Amor é café da manhã... é pão... é sexo....
É margarina... Hummmmmm
Amor é mulher menina...
É um zoom... que pega tudo.... Hummmmm

Ah... amor não é dois

Amor é hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Quirina e Dolores

(Duas mulheres que acompanharam e acompanham minhas poesias e, que agora eu conto um pouquinho sobre elas)

Amores

Quirina escuta o andar de Dolores.
Quirina inquieta escuta o andar de Dolores.
Quirina boquiaberta escuta uma frase de Dolores.
- João deixou recado, Quirina ?
Quirina, com a face rosada e com um beijo marcado no pescoço, responde.
- Que João ? Ah, o João... Esteve aqui. Muito rápido... e deixou um recado...
Mas tinha que ser no teu pescoço, Quirina ?

(Tomaram café juntas anos depois, e riram muito, por muitos anos...)

Hiato

Aquele sujeito, cheio dos adjetivos,
dizendo-se objeto direto, é bem composto,
de simples não tem nada,
Aumenta tudo a cada relato.
Ontem, o vi num bar, bebendo e rodeado de hiatos...

(Quirina leu tudo atentamente, e para definir rapidamente o acontecido, disse: É um problema de língua... e riu muito do que disse...
- Tá falando do beijo ? – gritou Dolores enquanto fazia as unhas...)


O encantador de serpentes

O encantador de serpentes não acredita em soro...
Correr riscos é muito mais que a cura.
Talvez sejamos “encantadores de serpentes”.
Talvez seja preciso sê-los.
Há encantos que nos permitem.
Há encantos que nos preservam.
Há encantos que nos admitem.
Há encantos que nos completam.

Talvez tenhamos que encantar serpentes no dia a dia, para que possamos olhar os encantos que realmente nos completam.

(Quirina, assustada com a poesia, comenta baixinho com Dolores:
- Hoje ele está soltando cobras e lagartos...)

@mor

.com carinho
.com paixão
.com selinho
.com tesão
.com verdade
.com saudade
.com tudo
Contudo não é bem assim... finaliza Dolores.


Afinal de contas I

Afinal de contas, teus números não batem e eu conto até dez.
Dez passos, dez dias, dez recados.
Noves fora, agora é quase tudo...
(Quirina, deixa de fazer número).

Afinal de contas II

Resultado: vou embora.
Noves fora... nada.
No vaso: onze e meia.
No relógio: flor da pele.
Como a gente faz número.
E tudo é uma questão de fração.
Se até hoje buscam o valor do x, porque cabe a mim, de repente, a solução?
Resultado: pode ser que eu fique.
Noves fora... tudo.
No vaso: um despertar
No relógio: uma semente
Como a gente faz número.
E tudo é uma questão de soma.
Se até hoje a hipotenusa é confusa porque cabe a mim, de repente, a solução?

(Dolores faz as contas, refaz, e grita alucinada: - Caiu “dois”...).

Como a gente faz número.


Dolores deixou um bilhete                                                              

Estou mais ou menos.
Mais para menos.
Mas nem somei.
Comi um pão dormido.
Misturei com minha insônia.
Chá de sumiço é café pequeno.
A coxinha de galinha que comi me fez mal.
E ainda insistem em me oferecer Fanta uva.
Se eu aparecer morta divulgue esse bilhete nos classificados de Zero Hora,
ao lado daqueles convites, daquelas moças que fazem tudo...
Muito obrigada.

- Por nada, grita Quirina, com um sorriso no rosto.

Faltas
          
Lá vai Quirina buscar sede num copo.
Lá vai Quirina buscar fome num prato.
Lá vai Quirina buscar amor numa esquina.
Lá vai Quirina buscar paz num rapto.

(Lá vai Quirina buscar o mundo num dedal)...


 Álibi

Uma dose de vodca,
misturada com pólvora,
disfarçada com cânfora.

Uma dose de paixão,
misturada com dúvida,
disfarçada com púrpura.

(- Sem gelo, grita Dolores...).

A tristeza

Tristeza não se esconde debaixo do tapete.
Tapete fala.
Tapete grita.
Tapete absorve.
Aspirador de pó não pode ser a felicidade...
Tristeza tem que ser vivida, degustada, entendida.
(Dolores, aflita, diz: - Tô precisando de uma faxina...).

Luz de velas não quer dizer caverna

O título ficou tão bom que não precisa escrever mais nada.
- Tá bom, Dolores. Não escrevo mais nada.

A linha que separa a dor do beijo é invisível

Não vês minha dor, nem sentes quando latejo palavras.
Pedes meu sorriso agora e sempre.
Disfarço um mundo para me dedicar ao beijo.

Minha dor é um fantasma, correndo por entre corredores e assaltando correntes.
Pedes agora e sempre meu beijo.

Toda essa vida, vida essa que é tão minha,
desbocando num mar, na lida,
perco o rumo, o mapa, a linha...

(E, Dolores, brincando com aquele imenso carretel, diz que a linha do trem é partida...).

 Intuição

Tua blusa vermelha tem um quê de amarelo.
Atenção. Nosso amor é verde...
Eu sou verão... e ainda não sei tua estação...

(- Cuidado com o trem, grita Dolores.).

A intrigante briga entre a chuva forte e o chão seco
                     
Tem dias que a gente nem sabe o que quer.
E querer nada, pode ser querer demais.
E querer tudo pode ser não querer.
É como um chão seco apaixonado pela chuva forte,
ter medo que ela possa ser forte demais.
(O amor, com certeza, é assim).

- Deixa chover, grita Dolores, já encharcada.