quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Luz de velas não quer dizer caverna

O título ficou tão bom que não precisa escrever mais nada.
- Tá bom, Dolores. Não escrevo mais nada.

A linha que separa a dor do beijo é invisível

Não vês minha dor, nem sentes quando latejo palavras.
Pedes meu sorriso agora e sempre.
Disfarço um mundo para me dedicar ao beijo.

Minha dor é um fantasma, correndo por entre corredores e assaltando correntes.
Pedes agora e sempre meu beijo.

Toda essa vida, vida essa que é tão minha,
desbocando num mar, na lida,
perco o rumo, o mapa, a linha...

(E, Dolores, brincando com aquele imenso carretel, diz que a linha do trem é partida...).






Amores

Quirina escuta o andar de Dolores.
Quirina inquieta escuta o andar de Dolores.
Quirina boquiaberta escuta uma frase de Dolores.
- João deixou recado, Quirina ?
Quirina, com a face rosada e com um beijo marcado no pescoço, responde.
- Que João ? Ah, o João... Esteve aqui. Muito rápido... e deixou um recado...
Mas tinha que ser no teu pescoço, Quirina ?

(Tomaram café juntas anos depois, e riram muito, por muitos anos...)

Hiato

Aquele sujeito, cheio dos adjetivos,
dizendo-se objeto direto, é bem composto,
de simples não tem nada,
Aumenta tudo a cada relato.
Ontem, o vi num bar, bebendo e rodeado de hiatos...

(Quirina leu tudo atentamente, e para definir rapidamente o acontecido, disse: É um problema de língua... e riu muito do que disse...
- Tá falando do beijo ? – gritou Dolores enquanto fazia as unhas...)


Nada é exato.
O resto da vida pode ser o próximo minuto ou os próximos cem anos...

...
Augusto não era tão anjo assim. Não entendo até hoje seu plural.

...
E um vampiro apaixonado, dá de presente um cachecol...

...
Quem ama não data.

...
E não se enganem quando falam lento, palavras sem pressa ferem muito mais.

...
Atentos olhos observam a intensa cerração.
Nas vidraças, recados escritos com as mãos.
Faz frio lá fora, mas inverno igual ao da minha alma nunca vi.

...
Existem horas em que a melhor maneira de aparecer é sumir...

...
Sou um outono apaixonado por uma chuva de verão...




Sonhos e corujas

Talvez no meio da madrugada
More uma coruja escondida
Que de tanto sonhar com o dia
Esqueceu-se da própria vida.

Amores                                                                               

E também tem o amor escondido, o presente, o de viagem, o de verão...
Temos amores demais. Atemporal é o nosso coração.

Absolutamente

Tem dias que eu sou cantante.
N’outros o silêncio bate.
E na forma mais errante.
Beijo de mercúrio em que me arde.

A linha


A felicidade é uma linha... uma voz que corre a linha... uma linha que é feita de nós... Uma nota musical alinhada com o querer... a simplicidade é amiga da linha... o tempo é parceiro da linha e o amor é o tear...
Caminhos encantados do acaso

A mágica sensação do ver sem nunca ter avistado.
O delirante sujeito que nunca faz parte da frase.
Atenha-se aos detalhes, ao acaso.
De vez em quando provoque-se, como forma encantada de provar que a vida corre por suas veias...

Quando o tempo todo é muito pouco

“Um copo vazio está cheio de ar”.Chico, preciso e encantador...
Muito de nada para preencher.Pouco de tudo para entender.

Segunda-feira após uma solidão de mar

O tempo é um velho professor. Escreve calma, paciência, compreensão, claridade
para dizer amor.

Pequena canção de um barulhinho bom e simples

Quando a chuva cai na terra, ouço um som de beijo...

Guardo-te

Guardo-te como quem guarda o gosto da primeira manhã...
Infinitamente. Guardo-te como quem viu o céu uma única vez.


O vendedor de algodão doce

Lá se vão as nuvens,
E eu aqui embaixo, redesenho...
Passa agora um vendedor de algodão doce e me traduz.
É... o amor tem muito mais que claros segredos...

Frases e rasgos

Usava alvejante na alma e ninguém via a tristeza contida

Pequena canção para entender a lágrima

Imagino a lágrima vertente de um rio.
Insinuo que existem correntezas e calmarias no curso.
Minhas tristezas e minhas alegrias são meu leito.
Entendo o pranto como fosse uma vertente inundando o mar...

Cochilo                                                                                                                              

Meu abandono tem sono e acorda em teus braços quase sempre.




Caixinhas

Temos o medo guardado em caixinhas no quarto.
num quarto de hora,
num quarto de hotel,
num quarto de nunca mais,
num quarto de pão...
Temos o medo guardado em caixinhas no quarto...

Enganos

Mudou a cor do casaco para enganar o frio.
Colocou num copo toda a água suja do rio.
(embaixo do tapete mora um segredo que todo mundo sabe).

De pele

Enquanto eu era a seca, tu eras a dança da chuva.

Estio

Lá no meio do deserto mora uma única gota d’água...
Filha de uma chuva rara e de um poeta sereno.
É lá que os sonhadores matam a sede.







PEQUENA CRÔNICA DO FEITIÇO QUE VIROU CONTRA O FEITICEIRO

Um amor de tempos é aquele que aquece a solidão a qualquer momento
Um “que” que abriga tanto querer e faz o sentimento crescer lá dentro
Uma verdade que não finda, um tentar com todas as forças que se tem
Um amor assim atiça, envolve, permeia a tudo

e quando despertado ganha mais vida, fica mais forte, faz bem

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Meu amor é risonho, por que amor nasceu para ser alegre... para fazer rir... vivo a sorrir... e se a lágrima porventura surgir, sei que estás comigo e assim navego na harmonia que é todo esse nosso amor... é maravilhoso gostar de quem a gente ama, é delicioso amar quem a gente tanto gosta, é encantador ser amigo de quem também é nossa amante, mulher e parceira... O amor completa o humor... e é essa cor que nos desenha...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A verdadeira linha arrisca... A linha outra só risca... Amor não é isca... a felicidade quando vê o amor... Pisca..




A linha amarra, alinha, tantas pessoas são nós atados sem concordâncias nenhuma, a melhor linha é a da pandorga quando arrebenta. Voo é uma linha liberta, o amor é cor quando é liberto e assim a sinceridade fica coberta.... De razão...




O destino é um passarinho moldado em barro feito a música de Vander Lee... um jeito assim novo de tudo, um sol que conduz quase o mundo inteiro... um veleiro beirando a lua... de velas que acendem meu peito e me faz navegar nas estrelas... ai ai ai... que o amor prevaleça sempre no brilho desse luar...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013


Cartografia


Engoliu à seco para lavar a alma... Naufragou, logo a seguir respirou e ao levantar a cabeça avistou novas terras... Acabei aprendendo com a cartografia o prazer de me perder, o prazer de desejar sempre a liberdade, seja qual forem os cursos d’água... Vou bem entre minhas loucuras e as fotografias amareladas que ainda guardo. Vejo o futuro com bons olhos e o amor parece que floresce, logo posso colhê-lo... quem saberá... Infinitamente eu me permito parar de vez em quando... Nesse momento, aí eu ando...
Afta       

Incômoda
Mexe a língua
Roça o lábio

Lânguida
Lida
Inseticida
Mata grilos e corujões
Redescobre a vida e as paixões

Nasce em bocas de noites
Siso, juízo, guiso,

Tão aflita
Afeta
A fita
Rompe

Um longe
Um lugar nenhum

No céu na boca
Uma afta

Paixões deixam marcas
E trazem febre


A falta
                
A falta
A exatidão da falta
A presença da falta
Sem ata
Sem data
A falta
A instransponível falta
A marcante falta
Sem salsa
Sem valsa
A falta
A intragável falta
A visível falta
Sem máscaras
Sem vísceras
A falta que preenche tudo

Todo o espaço para a falta
As desculpas

Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo...
Nunca entendi tantos dedos,
já que eu sabia do que se tratava...
Vez por outra deixavam somente recados,
avisavam que não mais voltariam
e, logo depois, voltavam...
E com elas chegavam outras palavras,
que eu não entendia muito bem seus significados...
Mas até aquele momento,
as desculpas não se importavam com o que eu poderia ter achado...
Algumas chegavam bêbadas,
outras chegavam sem avisar,
e outras tantas  não sabiam nem o que falar...
Nunca me preocupei em entendê-las,
mas entendia o que elas queriam mostrar,
assim ficava mais fácil conjugar o verbo desculpar...
E assim foi quando eu perdi meu par...
Depois vieram as desculpas,
que usavam luvas e falavam baixo,
que me ensinaram de um jeito especial
a verdadeira face do gostar...






Túlio Piva  
               
Quando a lua do destino decidiu viajar
malas na sala, recados no mar
Assim veio um menino sem passagem, sem lugar
que também queria o céu...
Escreveu, ao lembrar do tanto, de um passado tão bom
e ele “nem sei em que data"...  clareou a viagem
Quem nunca ouviu Túlio Piva que me desculpe
Minha lua de menino sempre foi pendurada no céu
“feito um pandeiro de prata".






O acaso brinca de rima
          
Cabe-me, por encaixe, o olhar inteiro das bocas do acaso
Afasto-me quando, ao meu encalço, andam apressadas bocas métricas
Mergulho em luas claras e transparentes como se o medo fosse o raso
E não venham me dizer que almas são armadilhas bélicas

Atento aos relatos escuto a inconstante passagem do pensamento até o ato
Transformo-me num silêncio de lápide quando um grito quer ser mais forte do que o fato
Fatias inteiras de um bolo de chocolate do apartamento ao lado invadem lixos de uma favela
E, não venham me dizer, que corações sejam sempre as melhores janelas

Cabe-me a leveza da escrita para deixar dito o que tanto me aflige e alucina meu entender
Levado muitas vezes pelo interminável duelo daquilo do que se mais quer, com a razão burra de que não se precisa querer
Lanço-me aos poucos, aproveitando-me de noites escuras, para escrever poesias em muros que rodeiam almas tão vazias
E não me venham dizer que estou só, louco e o que entendo por felicidade sejam páginas de crônicas fictícias e fugidias...



Saudalejar

Seu nome saudade
Menina de seios rijos
Pouco ou nada de juízo
Cheiro de leite
Sabor de flor

Seu nome amor
Menino de dentes livres
Brancos que um dia eu tive
Cor de mar
Imensidão de grão

Seu nome paixão
Mulher de lábios fatais
Afã de talvez, clã de jamais
Música de cor
Verbo “saudalejar”


Tarde

Lá fora é tarde
Aqui dentro na sala
A vida arde
Desenho a tela
Com mertiolate

Cicatrizes contam histórias
Esparadrapos vestem as feridas
Quando tudo parece morrer
Aparece teu sorriso

O destino assopra


Fomes                                                                                                 

Era inevitável a queda
frente ao vazio que se fazia
era café sem bolacha, sem fatia
era fome o que o coração mostrava e dizia

Era inevitável o pranto
frente ao exposto
era lição sem cartilha
era um mar imenso sem nenhuma possível ilha

Era inevitável o fim
frente ao penúltimo capítulo que se escrevia
era final feliz sem nenhum par
era romance sem nenhuma poesia

A fome comia...




PEQUENA CRÔNICA DO FEITIÇO QUE VIROU CONTRA O FEITICEIRO

Um amor de tempos é aquele que aquece a solidão a qualquer momento
Um “que” que abriga tanto querer e faz o sentimento crescer lá dentro
Uma verdade que não finda, um tentar com todas as forças que se tem
Um amor assim atiça, envolve, permeia a tudo

e quando despertado ganha mais vida, fica mais forte, faz bem

Nas entrelinhas

"Uma verdade que não finda... permeia a tudo.
Um "que" que abriga tanto querer, atiça um amor assim.
Um tentar com todas as forças que se tem, faz o sentimento
crescer lá dentro, aquece a solidão, ganha mais vida.
A qualquer momento, quando despertado, fica mais forte!
Um amor de tempos, envolve e faz bem!".

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"Para Ti"

Muita vontade de ti
De ter-te assim
Assim de um modo todo
Quando o todo é tudo
Muita vontade de te ter
De estar em ti
Assim de um modo tanto
Quando o tanto
ainda assim é pouco
Muita vontade de ti
De sentir a ti
Assim de um modo franco
Quando o franco é tudo