quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Mariana

Mariana não cantou a Marselhesa
Não tinha voz
Tinha um bocado de lama na boca
Nem rosto tinha
Mariana foi engolida
Levaram sem dó a sua vida

Mariana não cantou a Marselhesa
Mas se estivesse viva
Por certo cantaria
Do jeito dela

Mariana não teve tempo
Nem de abrir a janela
A correnteza chamada ganância a engoliu

Cadê Mariana?
Cadê a Justiça?
Cadê o Rio?

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Intensamente foi a forma que descobri para desenhar 

palavras

Os interruptores d’alma são toques que aceleram o 


sentimento

Toda essa energia vale se puder mover o coração

O resto é vento...

...

Tudo pode ser uma questão de dizer nada.
...

Já virei a página sem ter entendido o livro. (Meu amigo, 

amor não é adivinhação)...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Amo sempre como nunca


ainda é cedo para amar tarde


paixão é mercúrio


amor é mertiolate


teu beijo... assopra?

Seca

Que chuva tamanha que beija a seca,

A minha seca boca.


Chuva que molha as roupas do passado


E dá febre.



Uma febre tamanha que queima a seca,


A minha seca boca.


Uma sensatez louca.


A previsão é que a chuva tamanha não pare,


Então, que encharque.


a flor da pele pode não ser rosa
Sem amor não adianta comprar superbonder

Ando inteiro nas chuvas
Por que para andar
é preciso se encharcar
o que se faz pela metade
é fácil de descolar
a intensidade é caminho
que o amor gosta de ficar
Caixinhas

Temos o medo guardado em caixinhas no quarto.

num quarto de hora,

num quarto de hotel,

num quarto de nunca mais,

num quarto de pão...

Temos o medo guardado em caixinhas no quarto...
Pessoa

Larguei o chá de sumiço

Voltei para o café

Fiquei com saudade da insônia

Acordar é preciso, tal uma frase de Pessoa
Estio

Lá no meio do deserto mora uma única gota d’água...

Filha de uma chuva rara e de um poeta sereno.

É lá que os sonhadores matam a sede.
No meu coração sempre
Bombaim, Lisboa, Porto, Ilha
Casablanca, Canoa, no toque do corpo
No Rosa,
Na engrenagem,
Na Ferrugem.
Na Lagoinha do Leste,
Na Itapeva, na nossa Rua
Na Guarda, no Salvador
Na onde a terra nos leva,
No Bonfim, nos estúdios,
No bar do Noel, nos livros
No Mercado, nos balões,
No Beira-Rio, nos senões,
No Mucuripe, nos Horizontes,
Na Solidão, Outono, inverno ou verão,
No Pantano do Sul, no Sul
No Naufragados, no Saquinho,
No vinho, no vem,
Na Redenção,
Na quente Criciúma, na feirinha,
No Morro das Pedras no verão,
Na Praia Grande, no Mampituba,
No Guaiba, na Lagoa do Violão,
Na Praia do Molhes, na caipira do Nei, sei lá onde não sei,
No pastel e gelada no Alvim servido pelo Neto,
Na Kibelândia, na Bar do Beto,
Na José Elias Lopes, Na Pequeno Príncipe,
Na Guarita, nos toques de toda uma vida,
Nos retoques, na Xará, aqui, acolá,
No logo ali, no até lá,
No gabinete 102, na Lagoinha Pequena,
Na Fan, no Sambaqui,
No Arantes, na tatuagem.
No antes e depois, no um ou no dois,
No Santo Antônio,
Nos planos, no Gasômetro,
Nas feiras do livro, nos anos,
Na peça da Helenara,
No Face, na cara,
Nas gaivotas, nas Músicas, nos Guris,
Na flor da pele, na flor de lis,
Nas páginas de Quintana, nas linhas de Pessoa,
Na voz da palavra,
No Campeche, no cio e na cana, na Santana,
Na alta noite, na Cidade Baixa,
No açaí, no fio da esperança,
No calçadão, na Andradas,
No e-mail roubado,
Nas ciladas, no silêncio forçado,
Nos querubins, nas cartas,
Até nos fins.
Na Casa de Cultura, na fissura,
Na beira do mar, no Cantinho do Pescador,
Na oitava série no Cesd,
No primeiro ano do Ciciar,
Na pousada do Passo,
No aço dos meus olhos,
Na casa do Canto da Lagoa,
No chalé, no quando não te vi,
Nas canções de Fagner com Florbela, em todos os lugares, portas e janelas,
Sempre estivesse aqui...
Hay Kay sem métrica

Todo mundo tem escolha

A felicidade pode ser um estalo

Como quem dança num papel bolha